terça-feira, 1 de junho de 2010

Nada

Eu preciso do branco.
Preciso do puro, do liso, do intocado.
Preciso ser instigada por um espaço vazio, me provocando, desafiando.
Eu quero espalhar tinta pelo branco.
Eu quero espalhar palavras pelo branco.
Eu quero dançar pelo branco.
Quero esporrar cor.
Quero provocar o branco, tirar o equilíbrio do branco.
Eu quero rir do branco.
Eu preciso dessa caixa branca, esperando ser tocada por mim.
Ávida, só, ansiosa.
Preciso dessa caixa aberta, disposta a guardar meus segredos,
minhas palavras loucas, mal arranjadas e cuspidas com nojo.
Preciso desse branco que escuta minhas palavras mudas e sem gosto,
que aceita minha loucura ácida.
Eu preciso do branco, sorrindo branco, cheirando branco,
me cobrindo de branco.